Crashday não é o que podemos chamar de um título pretensioso, afinal, seu principal propósito é servir como uma espécie de gincana automotiva de destruição e manobras simplesmente insanas. Levando em consideração o mote, o realismo acaba cedendo lugar à descontração, sem compromisso sério com leis da física e outras características do gênero.
Contudo, ao menos para os jogadores mais experientes, existia uma certa expectativa em torno de Crashday, afinal, ele faz lembrar alguns clássicos antigos do computador, como o inigualável Stunts e a série Destruction Derby, além da franquia Twisted Metal, popularizada no PlayStation 2. Apenas, e tão somente, faz lembrar.
Na verdade, para se divertir com Crashday é preciso desarmar muitas defesas, porque definitivamente não estamos falando de um primor técnico, e sim de um game descontraído em que o verdadeiro entretenimento está mesmo reservado ao modo multiplayer.
Para começar, é melhor simplesmente não levar em consideração a tentativa de enredo. Tudo bem que, normalmente, jogos de corrida não se saem muito bem ao tentar aliar a adrenalina da velocidade com uma história convincente - ainda que Need for Speed venha se esforçando para progredir nesse sentido -, mas essa coisa de "competição exótica" já está cansando.
Carreira meteórica
O modo carreira de "Crashday", que reúne uma liga de pilotos sem qualquer noção do perigo, entre uma corrida e outra tenta fazer você engolir uma trama qualquer ligada a um milionário do Texas que gosta de ver o bicho pegar - leia-se "carros se destruindo", com uma dublagem para lá de sofrível e nenhuma profundidade.
A carreira se resume a vários eventos, com dificuldade crescente, abrangendo as diferentes modalidades. A estrutura é puramente linear, com desafios liberados de quatro em quatro, conforme o seu progresso nos anteriores. Ou seja, no final das contas, invariavelmente você acaba enfrentando adversário de nível equivalente.
É possível melhorar as características dos bólidos com os pontos e a grana adquiridos nas vitórias, empregando-os na compra de novos carros e no aperfeiçoamento dos já existentes - há doze modelos, no total.
Pelo menos, as modalidades são bastante distintas entre si: em Wrecking Match, ganha quem destruir os adversários o maior número de vezes. Para tanto, as carangas são equipadas com mísseis e metralhadoras, que são bem mais efetivos do que tentar colidir com os adversários, no melhor estilo derby de destruição.
Acontece que não existe muita variação, já que logo se percebe que a melhor estratégia é utilizar o nitro, recarregado automaticamente, para se esquivar dos inimigos, buscando o melhor ângulo para disparar os mísseis. Existem ainda as "injustiças", como quando você deixa o inimigo com um mínimo de energia e, do nada, surge um outro veículo e acaba com o alvo, levando todo o crédito. Ou seja, mais que uma questão de estratégia, trata-se de aproveitar oportunidades.
Nem o Stunt Show está livre das incoerências: mais ou menos como na série "Tony Hawk´s Pro Skater", o objetivo aqui é executar manobras e peripécias de maneira a obter pontuações, que vão às alturas (com o perdão do trocadilho) através dos combos. As pistas são verdadeiros paraísos, repletas de loopings, rampas e por aí vai.
Porém, assim como no evento de destruição, aqui também não há muito espaço para tática, pois quase tudo que você faz é, de alguma forma, recompensado - e mesmo que isso custe ver o seu carro dizimado, porque o game até incentiva isso.
Já a modalidade Race é, como o próprio nome sugere, centralizada nas corridas, subdividindo-se em três variantes. A mais interessante é a Point-to-Point, na qual é preciso passar por todos os checkpoints, indicados por uma seta no canto superior direito da tela.
É relativamente fácil perder um ponto de checagem por bobagem - passando bem ao lado dele, por exemplo -, e aí só resta voltar e atravessá-lo novamente, o que costuma lhe custar a vitória. Por isso, há pouca margem para erros e muita para o sentimento de frustração.
Em Bomb Run, o objetivo, com uma bomba armada em seu veículo, é passar pelo máximo possível de checkpoints antes da inevitável explosão. O detalhe é que a velocidade mínima exigida vai aumentando a cada ponto de checagem. Já Pass the Bomb é uma espécie de "batata-quente" automotiva, em que é preciso livra-se da bomba colidindo com os adversários.
Diversão compartilhada
Crashday ainda oferece um modo de minigames para quebrar um pouco a rotina, com especial destaque para Long Jump, no qual o vencedor é aquele que consegue permanecer mais tempo no ar, após um salto em uma rampa vertiginosa. Não são lá grande coisa, mas melhoram muito quando jogados com um amigo.
Para ser sincero, o jogo todo é assim. Como a inteligência artificial beira o medíocre, é preciso buscar logo adversários de carne e osso para conseguir algum desafio de verdade. Por outro lado, Crashday se transforma no multiplayer, quando as modalidades de destruição e manobra ficam incrivelmente divertidas, fazendo do jogo uma ótima pedida para lan parties descontraídas.
O modelo de destruição, ainda que não seja lá muito fiel à realidade, garante explosões, fumaça e estilhaços dos carros voando pela tela praticamente o tempo todo, ficando difícil distinguir o que é corrida ou ação ali. Com o editor de mapas, os jogadores podem dar vidas às suas fantasias insanas, em pistas repletas de loopings, barreiras e por aí vai.
Contudo, tecnicamente Crashday é sofrível, deixando a desejar na qualidade gráfica, que nem se compara aos efeitos visuais de Need for Speed, por exemplo, e nos comandos, que sequer são afetados da maneira minimamente correta pelos danos que acontecem nos veículos.
Por isso, Crashday deve ser visto como um game sem compromisso, puro entretenimento para curtir com amigos, já que o single-player não impõe tantos desafios aos jogadores - o que poderia ser remediado com um pouco mais de capricho e dedicação.
ScreenShots
Requisitos Minimos
Processador: Pentium IV 1.5 GHz ou Athlon equivalente
Memória RAM: 512 MB
Placa de Vídeo: 64 MB
DirectX: 9.0c
HD: 1 GB
Sistemas: Windows 2000, Windows XP
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